
Uns dos temas mais debatidos na atualidade quando se trata de desigualdade de gênero é a questão salarial. Pesquisa realizada pelo IBGE aponta que o índice de mulheres que possuem o ensino médio completo e o ensino superior incompleto e completo (29,9% e 16,9%, respectivamente), é maior ao dos homens (29,6% e 13,5%); entretanto, o rendimento habitual percebido pelos homens ainda é superior ao percebido pelas mulheres (R$ 2.306,00 e R$ 1.764,00, respectivamente).
Além disto, percebe-se também através desta pesquisa, que o número de mulheres ocupantes de cargos antes vistos como exclusivamente masculinos ainda é diminuto. Observando a proporção existente entre os setores de atividade econômica, depreende-se que as mulheres ocupam somente 25,13% das vagas voltadas à agropecuária e 27,36% das vagas da indústria; contudo, ocupam 59,46% do setor de prestação de serviços, onde as funções se tornam mais variadas e difundidas em virtude da aceitação social existente entre a relação gênero x profissão.
A discrepância entre os gêneros é ainda maior quando analisados a ocupação em cargos de carreira policial, civil e militar. No Brasil (2017), a cada 100 policiais, apenas 13,4 são mulheres, sendo a proporção menor na Polícia Militar, 9,8/100 e maior na Polícia Civil, 26,4/100.
Desde o início da desconstrução social de que a mulher possui posição hierarquicamente inferior ao homem, tenta-se romper com o cenário da relação de servidão existente da primeira para com o segundo. Todavia, o preconceito e os costumes passados ainda são constatados atualmente. Segundo pesquisa, o número de vagas de gerência ocupadas por homens é aproximadamente o dobro das vagas ocupadas por mulheres, refletindo a dificuldade da quebra do paradigma social passado.
O resultado demonstrado na sociedade, onde o homem obtém vantagem sobre a mulher, é um mero espelhamento da realidade representativa em cargos políticos e executivos governamentais. Embora as mulheres correspondam a 51,48% da população nacional, carecem de representantes no âmbito dos Poderes Legislativo e Executivo. Em comparação com outros países (desenvolvidos, subdesenvolvidos e emergentes) o Brasil possui um dos menores percentuais de mulheres em sua Câmara de Deputados, ocupando a posição nº 151 de 187 países listados, em uma ordem decrescente acerca da proporção de parlamentares mulheres em exercício em câmara baixa ou parlamentar unicameral. Ademais, de 28 ministérios, somente dois são comandados por mulheres (2017).
A forma em que a família é estruturada diante das funções essenciais para sua manutenção ainda apresenta muitos traços daquela voltada ao patriarcado, ou seja, com o homem como núcleo familiar, responsável pelo sustento da família e a mulher voltada somente aos filhos e aos afazeres domésticos. Isto é o que se pode depreender quando se analisa, de forma conjunta: (a) em média, as mulheres gastam o dobro de horas durante a semana com afazeres domésticos em comparação ao homem (20,9 h/dia - mulheres e 11,1 h/dia - homens) e (b) o número de mulheres ocupadas (trabalho informal/emprego) com crianças até três anos em seu domicílio, é significativamente inferior em comparação ao do homem (63,6% - mulheres e 84,6% homens); entretanto (c) o número médio de horas ocupados no somatório entre afazeres domésticos e trabalho (informal/emprego) na semana, é semelhante entre homens e mulheres (51,5 h/semana - homens e 54,4 h/semana - mulheres). Ou seja, as mulheres despendem mais tempo nos afazeres domésticos e filhos do que os homens, contudo, estes cumprem mais horas em função laboral do que as mulheres, havendo uma equivalência entre o período que cada um dispõe, semanalmente, entre trabalho remunerado e cuidado de pessoas/afazeres domésticos.
Analisando estes dados é perceptível ainda a existência de um regramento social acerca da posição da mulher e a posição do homem e o quanto este exerce influência sobre as pessoas, tanto nas disposições familiares, como em nichos de mercado e na representação política.
Em busca da equidade (igualdade) entre os gêneros, se mostra essencial falar sobre feminismo, promover meninas e mulheres - inclusive dentro do Movimento Escoteiro, reconhecer o seu trabalho, lutar contra o machismo e empoderar aquelas que se veem desacreditadas de seu potencial e da sua capacidade.
#FaleDiversidades: Você sabia que os Escoteiros do Brasil - Rio Grande do Sul possuem um canal exclusivo para ouvir os associados sobre os temas de Diversidades? É o FALE! Diversidades! O FALE! Diversidades é um espaço de acolhimento que tem como proposta fornecer um auxílio adequado a jovens e adultos escoteiros que estejam passando por problemas individuais e/ou em seus Grupos Escoteiros em temáticas de diversidades como preconceito racial, de gênero, LGBT, ou outro que você sinta a necessidade de desabafar e obter apoio. Saiba mais bit.ly/falediversidades. Em caso de dúvidas você pode entrar em contato no email fale.diversidades@escoteirosrs.org.br.
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